"Hoje fazia exatamente cincos dias que ela começara a planejar tudo.Estava tudo certo,tudo feito com cuidado.
Escreveu um bilhete ao pai, à mãe, e finalmente à ele.
Olhou mais uma vez ao redor do seu quarto,fixou o olhar nas velhas fotografias,coladas em um mural na parede.
Inconscientemente lágrimas caiam do seu rosto. Resolveu então,desviar os olhos daquelas velhas lembranças, que doiam tanto
e a fazia repensar sobre o tal plano. Pensou consigo mesma :"Não posso mais desistir disso,sei que será pior se ficar por aqui." .
Nesse instante,voltou-se a pequena gaveta da escrivaninha,abriu-a e pegou o vidrinho.
Suas mãos muitos trêmulas,ainda deixaram um pouco das cápsulas caírem.
Olhou em volta mais uma vez,como se dissesse "adeus" , ou então , "quero ficar" .
Seus olhos estavam cheio de medo, dor.
Não podia mais esperar,estava certa disso. Nada nesse momento a faria voltar atrás.
Virou o vidro na boca e deitou. As cartas escritas a uma caligrafia forte,com letras grandes,estavam em cima do seu peito.
Na carta para o pai tinha escrito :
"Passamos momentos maravilhosos,você me ensinou muita coisa boa. Não fica triste,cuida da mãe,para de fumar e trabalha menos."
Na corta para a mãe dizia :
"Mãe,você foi a pessoa que mais me amou e cuidou de mim,sou grata por isso.Cuida do pai,ele precisa de você. Te amo."
E finalmente, para ele :
"Te amei a ponto de não querer te ver nunca mais,a não querer enxergar mais nada. Não quero que se sinta culpado por nada. A culpa foi minha,sei.
Amei você,esqueci de mim. Tudo bem. Olha, mas não pense que estou indo por te amar. Quando realmente lembrei de mim,vi que poderia ir a um lugar
melhor,onde as pessoas não sentem,nem pensam. Muito egoísmo da minha parte,não? Tá,eu sei que é. Pois bem, aprendi a voar. Espero te ver um dia."
Depois de cada um ler a sua carta,ele correu até a escrivaninha,viu algumas cápsulas ao chão, enfiou-as na boca e correu,correu até chegar embaixo da
árvore preferida dele. Sentou e pensou :"agora aprendo a voar." . Tudo ficou escuro"
By: Bruno Santos :))
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